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Proposta curricular do Sesi-SP está em consonância com o ENEM 2023

Especialistas da instituição comentam o primeiro dia da prova

Especialistas da instituição comentam o primeiro dia da prova

 Por: Prof. Me Marcel Alves Martins e Prof. Me Luiz Fernando Queiroz Melques
06/11/202316:34- atualizado às 17:37 em 30/11/2023

No último domingo, 5/11, ocorreu o primeiro dia de aplicação do ENEM 2023 com as provas de Linguagens e Ciências Humanas, com 45 questões cada, além da produção textual. O escopo da prova contemplou a articulação de temas em circulação às áreas de conhecimento, demonstrando que os saberes não são construções consolidadas e presentes apenas em livro, e sim abertos à discussão e importantes para a análise de nosso tempo.

A prova transitou entre itens fáceis, médios e difíceis, partindo da compreensão de textos com informações explícitas em direção à inferência de informações implícitas, que, além da leitura atenta do suporte, pode acionar o repertório dos estudantes sobre os discursos em voga, sabendo diferenciar uma opinião controversa e polêmica de um senso comum e compartilhado, por exemplo. 

Nesse movimento, a prova de Linguagens explorou diferentes formas de representação e produção de sentido. Em língua portuguesa, os aspectos discursivos vêm à tona chamando a atenção para a existência de posicionamentos e pontos de vista, bem como a importância dos contextos de produção, circulação e recepção de textos. Além disso, os recursos expressivos e as estratégias argumentativas utilizadas na construção textual marcaram presença nas questões. Temas relacionados à língua, como variação linguística, preconceito linguístico, Libras e criações lexicais, são contemplados nos suportes, evidenciando a dinamicidade inerente aos usos linguísticos, tal como preconizado pelo Movimento do Aprender, material didático do Sesi-SP, e, até mesmo, pelas propostas de produção textual lançadas pela plataforma de inteligência artificial utilizada com os estudantes do 3º ano do Ensino Médio.

A abordagem de textos literários, por sua vez, dá continuidade a essas discussões, tratando os efeitos de sentido e as relações com o contexto sócio-histórico a partir de trechos de contos, romances e poemas da literatura brasileira, mas também, na prova de língua inglesa, com o reconhecimento das ideias principais e do sentido global do trecho de um poema de autor canônico, como John Donne, ao lado de autores contemporâneos nascidos em Porto Rico e na China. Os textos verbovisuais selecionados para as provas de língua inglesa são os cartuns e os cartazes de campanhas de divulgação, aparecendo também nas questões de língua portuguesa ainda que de forma tímida em relação a sua variedade, não apresentando grande dificuldade para os respondentes. 

O tradicional e o contemporâneo representam uma toante dos itens de Arte que discutem as noções de patrimônio e o hibridismo de referências e matrizes culturais, colocando reprodução de obras em diálogo com seus comentários. 

Vale destacar, nesse ponto, a importância das ações do DiVerso em Prosa ao longo de 2023 no que tange à fruição e reflexão sobre obras que encenam vozes de diferentes contextos comumente silenciadas. O DiVerso em Prosa é um espaço de discussão e formação sobre questões de diversidade, voltado para os professores do Sesi-SP

A questão sobre o corpo na dança e as religiões de matriz africana, liga a Arte à Educação Física, que abordou em seus itens, as Olimpíadas, a discriminação e o acesso, entre outros temas, marcando o atravessamento das relações sociais nas práticas corporais. 

A prova de Ciências Humanas, por sua vez, trouxe temas bastante contemporâneos e complexos, exigindo dos estudantes não apenas domínio conceitual, mas uma grande capacidade de análise da realidade. Os destaques da área foram as questões sobre a desigualdade de gênero (inclusive presente na redação), discriminação social e racial, identidade cultural e a criação do Estado de Israel. Outro destaque foi o retorno de questões sobre a ditadura militar, que não apareceram nas três últimas edições do exame. 

O nível de complexidade da prova foi mediano, mas a quantidade e a variedade de textos exigiram uma carga intensa de leitura e um alto nível de concentração dos estudantes, podendo ter gerado algumas dificuldades na identificação da alternativa correta. Um destaque para os textos apresentados na prova de Ciências Humanas foi o número de autores brasileiros citados, dentre eles Carolina Maria de Jesus, Elio Gaspari, José Lins do Rêgo, Laerte, Machado de Assis, Mary Del Priore, Milton Santos e Paulo Freire. 

Outro aspecto interessante das questões de Ciências Humanas foi a ênfase na dimensão interdisciplinar no modo de abordar as temáticas, que se coaduna com o enfoque nas temáticas contemporâneas e do cotidiano que o exame apresentou. 

Temáticas clássicas também estiveram presentes no exame, mas a forma de abordá-las foi diferenciada: tratar dos sofistas da Antiguidade Clássica a partir do texto de Machado de Assis e do espaço geográfico analisando o texto de José Lins do Rêgo; refletir sobre a questão do preconceito racial a partir da organização de torcedores de um clube de futebol ou articular texto literários (Gabriel García Márquez) e filosófico (Jean-Paul Sartre) para discutir a corrente filosófica do existencialismo. 

A tão esperada redação aparece, então, em consonância com as provas de Ciências Humanas e Linguagens, possibilitando aos estudantes mobilizarem diferentes repertórios a partir das experiências de aprendizagem construídas junto ao SESI-SP ao longo do Ensino Médio. A ampla discussão sobre mudança demográfica, patriarcado ou desigualdade de gênero presente nos encaminhamentos de Ciências Humanas, por meio da frase-tema (Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil), consegue encontrar sua expressão nas estratégias argumentativas exploradas e aprimoradas por meio das produções e revisões orientadas pelo Movimento do Aprender e pelas propostas da plataforma de inteligência artificial, construídas especialmente para o desenvolvimento do senso crítico aliado ao cuidado com a linguagem, bem como seu potencial de transformação e intervenção na sociedade, tal qual proposto pelos pilares do nosso Ensino Médio. 

Seguimos confiantes para o dia 12 de novembro.

 

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