O objetivo desse Bate-Papo Literário é destacar o viés literário constitutivo das letras das canções de Chico Buarque, com certeza, um dos nomes mais representativos do cancioneiro popular da música moderna brasileira.
Assim, a partir da análise das letras de canções, previamente selecionadas, compostas entre 1970 e 1985, ressaltar como as obras mantêm aprimorada elaboração estética, no jogo com as palavras, ao mesmo tempo em que revelam uma consciência crítica frente às mazelas sociais, ao período de repressão do regime militar, bem como ideais utópicos quanto ao início da abertura política no país.
Dessa forma, podemos afirmar que a produção artística de Chico Buarque, de acordo com o júri do Prêmio Camões, é fundamental pela sua “contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa”.
Reconhecido compositor brasileiro, autor de peças de teatro e premiado autor de ficção, a multifacetada produção artística de Chico Buarque foi destacada ao receber, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Camões 2019.
Segundo a pesquisadora Adélia Bezerra de Meneses: “Há em toda sua obra uma intenção consciente de revalorizar a palavra, recuperando para ela tudo o que de cortante, de incisivo, de penetrante ela perdera, nas práticas de atenuação em uso na vida social” (MENESES, 1980, p. 101).
As letras das canções de Chico Buarque, mais especificamente, apresentam uma vertente crítica associada ao lirismo do poeta-cronista-cancionista ao revelarem a realidade social e romperem com o silêncio mesmo em uma época de forte censura, como demonstra a sua produção entre as décadas de 1970 a 1980, período em que o Brasil vivia sob uma ditadura civil-militar, o que caracterizamos como uma lírica de resistência.
