EVENTOS

A obra da arista Atalie Rodrigues Alves como pintora, gravadora, desenhista, arte-educadora e divulgadora das artes visuais em Franca é reconhecida na cidade e fora dela. Como coordenadora do Laboratório das Artes de Franca, movimento cultural pela arte moderna em que atua desde os anos 80 e como diretora da Pinacoteca em vários momentos, sua atuação pela difusão das artes visuais locais faz parte de um legado cultural construído gradativamente e a duras penas.

O percurso artístico da autora se inicia na década de 1970, registrando em pinturas, desenhos e gravuras de cunho figurativo e forte influência da arte pop brasileira personagens e trabalhadores da cidade em seus mais diversos ofícios, desde sapateiros, curtumeiros, boias-frias, da construção civil, tornando-a uma autêntica cronista visual da cidade.

A criação de um rico e próprio universo visual, construído a partir de pesquisas constantes sobre os elementos componentes da paisagem francana, da geografia humana, do mundo do trabalho, da arquitetura urbana e de influências de outros lugares por onde viajou torna sua obra criativa pioneira numa cidade onde o academicismo nas artes plásticas sempre havia predominado até então. Seu trabalho se afirma ainda mais importante por se inserir num universo onde são poucas as mulheres que trabalham e vivem do ofício da pintura e da gravura.

O projeto da exposição propõe transpor esse olhar feminino da artista para o mundo do basquete masculino de alto rendimento, tradição da cidade que se inicia no final dos anos 1950 permitindo que esse esporte seja visto sob uma nova perspectiva, para muito além do basquete como uma modalidade esportiva que empolga sua fanática torcida, agora ainda mais motivada por conta da recente conquista do Campeonato Mundial. A série permite discutir através dessas pinturas o papel da tradição no momento em que a cidade vai comemorar os 200 anos de sua criação e o próprio basquete como uma dança mágica de cores e imagens.

Texto: Mauro Ferreira