Além do formato totalmente online, os temas debatidos nesses encontros são escolhidos a partir de uma construção coletiva, com a participação dos próprios educadores e dos familiares dos alunos
Por: Karina Costa, SESI São Paulo
11/08/202014:45- atualizado às 14:21 em 14/08/2020
Para que as expectativas de ensino e aprendizagem sejam garantidas aos 95 mil alunos do SESI-SP nesse tempo de ensino não presencial, devido a pandemia do coronavírus, a rede escolar adaptou e intensificou as ações formativas oferecidas aos seus cerca de 4 mil professores. Além do formato totalmente online, os temas debatidos nesses encontros são escolhidos a partir de uma construção coletiva, com a participação dos próprios educadores e dos familiares dos alunos.
“Ministrar aulas não presenciais, por meio de vídeos gravados ou em atividades síncronas (ao vivo), uma realidade posta para a qual não estávamos preparados, só reforçou que os obstáculos precisam realmente ser superados colaborativamente. Por isso a agenda de formações oferecidas aos nossos educadores não parou, mas sim foi potencializada com novas ideias e desafios a partir das demandas reais apontadas pelos professores e por meio de pesquisas feitas com os familiares dos estudantes”, explicou Juliana Prezia, da supervisão de Formação de Professores e Equipe Escolar. Nesse contexto, questões sobre como lidar com as ferramentas tecnológicas ou a limitação delas, até qual linguagem utilizar, cenário, postura e tempo de aula foram pautados logo no primeiro de uma série de encontros a distância com os educadores da rede, desde a educação Infantil ao Ensino Médio.
Reunidos por área de conhecimento (Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas, além dos professores Pedagogos), os educadores são convidados também a refletir sobre possibilidades criativas e inovadoras para suas aulas e atividades. “Numa aula expositiva, não temos como garantir se todos estão acompanhando ou controlar o que está acontecendo na casa do aluno. O debate, por exemplo, é uma alternativa para uma aula online e ao vivo. Esse momento é potente para que o professor faça mediação, e o uso de ferramentas tecnológicas favorecem esse formato”, exemplificou Juliana sobre algumas das alternativas incentivadas nos encontros online de formação.
Gamificação (recursos de jogos), tour a museus virtuais e outras metodologias ativas, que objetivam fazer do aluno o protagonista de sua jornada educativa, são também técnicas incentivadas. “Para aprender, precisamos vivenciar. E essa é uma forma de entender a teoria”, completou.
Especificamente para os professores que lecionam no Ensino Médio, algumas das ações estruturadas são voltadas para o vestibular. “A matriz de referência do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) está sendo trabalhada, bem como as competências da redação verificadas nesta avaliação. Se o vestibular faz parte do projeto de vida de alguns dos nossos estudantes, estamos aqui para apoia-los nessa decisão”, finalizou Juliana.
Veja abaixo algumas das ações do SESI-SP para esse momento de ensino não presencial
Papo em Família Live
Especificamente direcionada aos pais, e por uma solicitação deles e de seus filhos, o SESI-SP abriu uma conversa franca com esses familiares por meio de uma live para falar dos desafios da aprendizagem em casa. Foram compartilhadas dicas e orientações práticas para facilitar o dia a dia de pais e alunos, e que podem ser acessadas a qualquer momento no canal do Youtube da instituição. Mês a mês, a ação é intensificada com o envio de boletins temáticos.
Live sobre os desafios da aprendizagem em casa foi realizada no dia 14 de julho
Acompanhamento aos alunos de inclusão
Com os professores de alunos da educação inclusiva foram feitos seis encontros técnicos para desenvolvimento das aulas não presenciais. Todas as famílias dos estudantes que precisam de atividades diferenciadas foram contatadas para que fossem identificadas quais eram as condições de aceitação das atividades em casa. Diante destas informações, os professores planejam as aulas embasados nas formações online.
Interlocutora de Libras Paula, interpretando a aula de um dos professores do SESI de Regente Feijó (Centro Educacional 368)
“Até agora foram abordadas as questões dos alunos com transtornos, dos alunos com alteração de processamento auditivo, refletimos sobre o professor como elo entre escola e família, fizemos a indicação de materiais e recursos diversificados, e ajudamos a planejar atividades e avaliar os estudantes diante do ensino não presencial”, explicou Soraia Romano, da supervisão de Saúde e Inclusão Escolar do SESI-SP. Com as ações realizadas, até o momento foram mobilizados 275 estagiários para apoio aos professores de 453 estudantes; 11 interlocutores de Libras para acompanhamento de 26 surdos; e 3323 integrantes da rede escolar foram atingidos pelos seis encontros formativos.
Caderno de atividades e observações, além de jogos confeccionados pela professora Luciana Ribeiro Pereira Duarte para o seu aluno, Felipe, da escola SESI de São Roque (Centro Educacional 400)
Boas práticas dos professores estão sendo compartilhadas na rede
Além dos encontros virtuais para municiar os professores com diferentes alternativas didáticas, o SESI-SP abriu um edital, o “Inspiração e Ação”, para que boas práticas de autoria dos educadores também pudessem ser reconhecidas e compartilhadas com toda a rede. Foi o caso do projeto “Res.piramos”, da professora de Língua Portuguesa e Literatura, Grasielly Lopes, que leciona nas turmas do Ensino Médio do SESI de Santos. Ela sentiu a necessidade de inovar para envolver seus alunos desde as primeiras semanas do ensino remoto. Foi então que uma conta na rede social Instagram tornou-se um mural virtual para exposição e compartilhamento dos trabalhos dos estudantes.
Trabalhos dos alunos do SESI Santos postados no instagram.com/res.piramos
“Lá, os alunos do primeiro ano são trovadores modernos em quarentena, do segundo ano, escritores Românticos em isolamento, e os do terceiro ano fazem produções que simbolizam um manifesto do isolamento, tal como as produções inovadoras propostas durante a Semana de Arte Moderna. Deste modo, além de estudarmos as referências literárias, promovemos um espaço de compartilhamento de emoções, sensações e criatividade, um ‘respiro’ em meio ao ‘caos’”, contou a professora, que aproveitou para refletir sobre o ensino não presencial.
“Sabemos que a educação é processo vivo e sempre surpreendente, porém, em 21 anos de profissão nunca tinha enfrentado a situação do ensino remoto, ainda mais por uma necessidade tão preocupante como uma pandemia. Há muitas dificuldades e sabemos que perpassam diferentes esferas, como tecnologia, rotina das famílias, motivação e enfrentamentos emocionais dos alunos e dos profissionais da educação, mas acredito também ser possível acharmos caminhos que contemplem um olhar mais atento para a Educação nesse momento”, refletiu a educadora. “E, mais do que nunca, percebi a necessidade de relacionar os estudos com a realidade em que vivemos. Aproveitei o momento e busquei possibilidades para isso a partir de minhas experiências e estudos recentes relacionados ao audiovisual”, finalizou a professora Grasielly.
Professores recebem suporte emocional
A saúde mental dos professores também está sendo observada. Segundo Celia Amato, da supervisão de Saúde e Inclusão Escolar do SESI-SP, para dar início ao acompanhamento, os professores responderam a um questionário sobre o que têm feito, como está a vida no geral com esta condição da pandemia, também sobre seus hábitos, crenças e sentimentos. Os encontros foram realizados pela plataforma Teams, promovendo a participação do educador por meio do diálogo, dinâmicas e parte expositiva.
“Não se trata de terapia. A ideia é que a experiência sirva de reflexão sobre os aspectos da saúde mental de cada um, para identificarmos quais deles precisam mais da nossa atenção e esforço na retomada do equilíbrio. Nesses encontros foi possível observar educadores bastante sensíveis, que conseguiram se colocar, se reequilibrar, pedir ajuda. Essa é nossa proposta: acolhimento e, caso necessário, encaminhamento, com o apoio do departamento de Recursos Humanos da instituição, que dispõe de atendimento psicológico aos funcionários”, comentou a profissional, revelando que foram aproximadamente 15 encontros com grupos de diferentes escolas, atingindo 550 colaboradores até o momento.
SESI-SP realiza e apoia ações com professores de outras redes escolares
Para além de sua rede escolar, composta por 144 escolas localizadas em 112 municípios do Estado, a instituição realiza ações formativas por meio do Sistema SESI-SP de Ensino e a Jornada Paz nas Escolas.
A primeira trata-se da transferência da tecnologia educacional SESI para escolas públicas, por meio de convênios com as prefeituras dos municípios paulistas. Também adaptado para o virtual, formadores da instituição dialogam com os professores e gestores sobre como dar aula a distância e utilizar o material didático da rede escolar SESI-SP de acordo com as estratégias e ferramentas que cada município pode disponibilizar para as aulas com seus estudantes.
Os profissionais da educação infantil do município de Santo Antônio de Posse (SP) em mais uma etapa da capacitação do SESI-SP
“Há desde cidades que puderam investir em plataformas próprias até outros municípios que enviam atividades por meio de ferramentas de trocas de mensagem, como o WhatsApp, ou imprimem as lições para entrega na casa dos alunos. Em Itapetininga, por exemplo, os professores da rede municipal conseguiram espaço numa tv aberta e dão aulas para os alunos utilizando nosso material e metodologia de ensino”, revelou Antonio Vanderlei Tavares, da supervisão de Transferência de Tecnologias Educacionais do SESI-SP.
Aulas das escolas municipais de Itapetininga podem ser vistas na tv e internet
As 16 horas de formação por ano, acordadas em contrato, estão sendo garantidas neste novo formato para 42 municípios, representados por mais de 400 escolas públicas que utilizam o Sistema SESI-SP de Ensino. “Nosso principal desejo é apoia-los nesse momento tão desafiador e ao mesmo tempo não os deixar esquecidos em sua formação continuada”, finalizou Antonio, lembrando que, além das formações, os professores podem contar também com os recursos disponibilizados na plataforma Sistema Digital, criada pelo SESI-SP como um meio de comunicação entre formadores, professores e gestores, além de um espaço para postagem de atividades e textos para estudo.
Aulas na tv com material didático do SESI-SP
Já para os professores de todas as redes escolares, públicas ou privadas, interessados em dialogar sobre a promoção da cultura de paz no ambiente escolar podem participar do curso online “A escola que temos e a escola que queremos: enfrentamento da violência e do bullying nas escolas”, parte do projeto Jornada pela Paz nas Escolas, uma parceria entre o SESI-SP, o canal Futura e a Fundação Roberto Marinho.
Voltado para educadores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, o curso totalmente gratuito tem carga horária de vinte horas, com conteúdo dividido em 5 módulos e certificado de participação fornecido pelo Canal Futura. Os professores interessados podem realizar a formação, clicando aqui.