Iniciativa busca transformar arquibancadas em espaços de convivência saudáveis e conscientes
Por: Amanda Costa - Comunicação Regional
18/09/202511:45- atualizado às 12:02 em 18/09/2025
Casos de racismo e outras intolerâncias em competições esportivas reacendem a discussão sobre o papel da torcida nas arquibancadas e a responsabilidade de todos os envolvidos. Para enfrentar esse cenário e estimular um ambiente cada vez mais saudável, o SESI-SP criou o programa Família Joga Junto, que chegou à quarta edição no último sábado,13/09, no Sesi São Bernardo do Campo.
O evento reuniu atletas da Natação e do Judô com seus familiares em práticas esportivas e rodas de conversas. A proposta foi abrir espaço para diálogo e experiências que reforçam a família não apenas como apoiadora dos resultados, mas como parceira na formação de valores.
Para a gerente regional do SESI-SP no ABCD, Roberta Borrego, a presença das famílias é decisiva na jornada esportiva e pessoal dos jovens. Ela conta que o Família Joga Junto revelou depoimentos emocionantes, mostrando o quanto esse acompanhamento é fundamental, seja na vitória ou na derrota, no incentivo ou na superação. “Essa presença fortalece não só o atleta, mas também o cidadão que buscamos formar”, destacou.
O programa nasceu em 2024 como resposta ao aumento de episódios de intolerância nas competições. A ideia é transformar a arquibancada em um espaço de convivência respeitosa, tão relevante quanto o treinamento dentro da quadra, do tatame ou da piscina.
Essa importância é sentida pelos próprios atletas. A judoca Giovana Galkoski lembra que a torcida pode mudar completamente o rumo de uma luta. “Se você já está desestabilizado e vem um incentivo negativo, fica ainda mais difícil. Mas se a energia é positiva, isso te eleva e ajuda a alcançar um resultado melhor”, disse a jovem.
Na Natação, a experiência é semelhante. Kauã Carvalho conta que o olhar da família durante a prova funciona como combustível extra. “Sempre que subo no bloco e vejo minha família torcendo por mim, sinto uma energia a mais. Sei que estão comigo de coração, pensando nos mesmos objetivos, e isso me motiva a seguir em frente”.
O encontro também provocou reflexões nos pais. Cíntia di Stefano, mãe da atleta Nina, de 12 anos, diz que participar das atividades foi um exercício de autocrítica. “Nem sempre acertamos, mas estamos aprendendo. O Família Joga Junto é essencial porque nos coloca nesse lugar de entender o impacto da nossa postura”. Já o pai de Nina, Flavio Gomes, reforçou o valor educativo do esporte. Para ele, não existe receita de como ser pais, mas o esporte é um aliado poderoso na formação de cidadãos, independentemente de se tornarem atletas olímpicos ou não. “Admiramos o trabalho do SESI nessa missão de educar pelo exemplo”.
Segundo o supervisor de esporte do SESI-SP, Rodrigo Leal, a criação do programa foi uma forma de cuidar do ambiente esportivo, diante dos crescentes casos de desrespeito e racismo em diferentes modalidades. “Nós que trabalhamos no esporte, junto com as famílias, temos o dever de zelar por esse espaço. O Família Joga Junto nasceu para que possamos refletir e construir uma cultura de torcida baseada nos valores do esporte”.
A iniciativa se conecta diretamente à Pedagogia do Exemplo, base dos projetos do SESI Esporte. Ela estimula a prática esportiva, a transmissão de valores como respeito e solidariedade e a formação de jovens líderes que multiplicam esses princípios em suas comunidades.
Além do Sesi São Bernardo, o circuito já passou pelas unidades de Limeira, Araraquara e Franca. As próximas etapas acontecerão em Bauru (20/09) e Jundiaí (25/10). Em todas as edições, o propósito é o mesmo: fortalecer a parceria entre atletas, famílias e instituição, para que o esporte seja sempre sinônimo de convivência ética e inspiradora.
