O que está sendo feito no combate ao racismo no esporte, dentro e fora do jogo?

O esporte carrega a potência de mudar realidades. Dentro de quadras, campos, piscinas e ginásios, mais do que treinar ou disputar títulos, nascem valores como respeito, igualdade e cooperação. Mas é justamente nesse ambiente de convivência e diversidade que episódios recentes de preconceito têm chamado atenção para a urgência de medidas efetivas de combate ao racismo e a todas as formas de discriminação e violência. 

“O racismo no esporte é reflexo de um problema estrutural da sociedade brasileira, e é nosso dever enfrentá-lo com coragem e responsabilidade. Os ambientes esportivos não estão isolados da realidade do país, mas podem, e devem, ser espaços de transformação”, afirma Sebastian Pereira, Gerente Executivo de Educação, Fomento e Infraestrutura do Comitê Olímpico do Brasil (COB). 

Para o dirigente, enfrentar a discriminação exige uma postura clara: acolher os atletas, aplicar sanções consistentes e reforçar continuamente que não há espaço para exclusão no esporte. “O silêncio ou a omissão só ampliam a exclusão; a ação, por sua vez, fortalece a integridade e a credibilidade do movimento esportivo”, acrescenta. 

Um dos caminhos apontados pelo COB é a educação. Desde 2020, o curso Esporte Antirracista: todo mundo sai ganhando já capacitou milhares de atletas, dirigentes e profissionais da área, com mais de 22 mil certificados emitidos. A formação é obrigatória para todos que participam de delegações do COB em missões nacionais e internacionais. “Mais do que formar campeões, queremos formar cidadãos que saibam reconhecer a diversidade como um valor inegociável”, destaca Sebastian.

Família Joga Junto reúne atletas e seus familiares em um dia repleto
de atividades sobre diversidade e inclusão. Imagem divulgação

Formação que ultrapassa as quadras

O movimento ganha força quando instituições e clubes se juntam à causa, multiplicando a mensagem de que o racismo e outros preconceitos não serão tolerados. É nessa perspectiva que o Sesi-SP tem estruturado ações de conscientização junto ao corpo técnico, atletas e seus familiares, criando um ecossistema em que o esporte é também espaço de aprendizagem e cidadania. 

“Sabemos que o racismo é estrutural, mas o esporte tem um papel fundamental na desconstrução dessas práticas. O Sesi-SP, como instituição educadora, não abre mão de ser protagonista nesse enfrentamento, trabalhando para garantir ambientes onde ética, respeito e solidariedade prevaleçam”, afirma André Avallone, gerente de Esporte e Lazer do Sesi-SP. 

Mais do que conquistar medalhas, a missão é clara: usar o esporte como voz ativa contra o preconceito e formar gerações que vejam na diversidade um motivo de orgulho dentro e fora das competições. 

Em parceria com o COB, o Sesi-SP criou o SESI Esporte Seguro, com os cursos que abordam temas urgentes do combate ao racismo à prevenção de assédio e abuso, passando por equidade de gênero, diversidade e ética no esporte. A proposta vai além de preparar profissionais para reagir diante de situações de intolerância. “A intenção é criar uma cultura de respeito contínuo, em que cada integrante do ecossistema esportivo entenda seu papel na construção de ambientes mais seguros e acolhedores”, explica Avallone.

Ações do SESI Esporte têm o objetivo de conscientizar e educar para que
ambientes esportivos sejam respeitosos e acolhedores. Imagem divulgação

Famílias como parceiras de mudança

O Sesi-SP também reconhece que a transformação não acontece apenas dentro dos espaços esportivos. Com a proposta de envolver familiares dos atletas, o programa Família Joga Junto convida pais e responsáveis para atividades e rodas de diálogo sobre diversidade e inclusão. A iniciativa busca ampliar a consciência de que arquibancadas respeitosas e acolhedoras são tão importantes quanto a preparação dos atletas. 

Em 2025, o projeto já mobilizou comunidades em Limeira, Araraquara e Franca. Para a coordenadora de Qualidade de Vida do Sesi Franca, Ana Paula Braganholo, o impacto do programa vai além do momento vivido nas atividades. “Esse é um evento importantíssimo para a unidade de Franca, porque oportuniza às famílias experiências de integração que estão diretamente ligadas aos valores do esporte”. 

Ao mesmo tempo em que pais, mães e filhos participam juntos, eles fortalecem laços e aprendem que a arquibancada também é espaço de respeito. “Estamos estimulando uma cultura de torcida consciente e acolhedora que valoriza a diversidade e dá exemplo para as novas gerações”, destaca Ana Paula. 

As próximas edições do Família Joga Junto já estão confirmadas: São Bernardo do Campo (13/09), Bauru (20/09) e Jundiaí (25/10). A agenda reforça a expansão do projeto e o compromisso do Sesi-SP em promover arquibancadas mais respeitosas em diferentes regiões do estado. 

Ao unir atletas, famílias e comunidades em torno de valores como respeito e diversidade, o Sesi-SP reafirma o papel do esporte como um agente transformador. Mais do que formar campeões, a instituição contribui para a construção de uma sociedade mais consciente, inclusiva e solidária dentro e fora dos espaços esportivos.

Sobre o SESI Esporte

O SESI Esporte é um programa gratuito criado para democratizar o acesso ao esporte, fortalecer a inclusão social, a igualdade de gênero e formar atletas desde a base até o pódio, contribuindo para um Brasil mais ativo, saudável e competitivo no cenário esportivo. 

As atividades do Programa Sesi Esporte acontecem nas unidades do Sesi-SP e em indústrias, prefeituras, ONGs e clubes, entre outros, por meio da vertente “Parceiros do SESI Esporte”, onde organizações públicas e privadas podem aderir ao programa contribuindo com recursos, espaços ou profissionais.